Os jogadores de Inter e Vitória recém haviam cumprido o protocolo que
antecede as partidas e o Beira-Rio já entoava o nome de D'Alessandro a
plenos pulmões. Com motivos de sobra. O gringo voltou ao time titular
colorado no domingo, após 147 dias, e não só matou a saudade de viver
intensamente os 90 minutos de jogo como retomou o protagonismo a que se
habituou em 10 anos de clube ao anotar de pênalti o gol da virada colorada por 2 a 1 sobre o Vitória, pela 27ª rodada do Brasileirão.
O tento salvador anotado aos 40 do segundo tempo, por si só, é
emblemático para fazê-lo extravasar por um triunfo batalhado que faz a
equipe voltar a ter pontuação de líder. Como de fato ocorreu. Em sua
comemoração, D'Ale simulou usar bengalas diante da torcida, numa resposta a críticas que recebeu pela nova fase da carreira, com menos minutos em campo.
Mas a atuação deste domingo ainda leva o argentino a atingir duas marcas emblemáticas pelo clube. D'Alessandro fez seu jogo de número 420 e igualou Claudomiro como quinto atleta com mais atuações com a camisa colorada. De quebra, o gringo chegou ao seu 22º gol no estádio desde a reforma para a Copa de 2014. Assim, se tornou artilheiro do "novo" Beira-Rio e deixou para trás Eduardo Sasha, com 21.
D'Ale vibra com o gol do triunfo sobre o Vitória — Foto: Ricardo Duarte / Internacional / Divulgação
– É emocionante, porque são coisas que a gente consegue. A gente não
toma a dimensão do que acontece, mas eu estou para ajudar. Estou muito
feliz. Lá no começo, muita gente falava será que o D'Alessandro vai se
segurar no banco, ele vai conseguir? Esse pessoal não me conhece, não me
conhece como eu sou do outro lado. Fico feliz por ter demonstrado uma
imagem diferente para os que não me conhecem. Uma situação diferente
dentro do clube – disse o gringo.
No domingo, D'Ale foi ovacionado pelos torcedores desde a sua primeira
aparição no gramado, quando entrou com o pé direito para o aquecimento. A
festa das arquibancadas se manteve no anúncio das escalações no telão,
em que seu nome foi o mais aplaudido – com ainda mais intensidade do que
o habitual – e com a entrada das equipes em campo.
> Artilheiros do "novo" Beira-Rio
- D'Alessandro - 22 gols
- Eduardo Sasha - 21 gols
- Vitinho - 21 gols (1 pelo Flamengo)
- Nico López - 17 gols
- Valdívia - 16 gols
D'Alessandro construiu pouco no primeiro tempo — Foto: Ricardo Duarte / Internacional / Divulgação
D'Alessandro iniciou a partida centralizado na linha de meias do
4-2-3-1. Ali, chamou o jogo e tentou ser participativo com as jogadas de
ataque, mas com pouca efetividade diante de um adversário que se fechou
atrás após sair na frente do placar com o gol contra de Emerson Santos.
O gringo permaneceu em campo durante 90 minutos e encerrou a partida
como extrema pela direita, já com sinais de cansaço. Por ali, também
reviveu discussões com adversários.
– Eu estava com saudades disso já. Foi normal, uma discussão normal com
time que está brigando na parte de baixo, como o Vitória. Faz parte do
jogo. Importante aproveitar a oportunidade, mas vale frisar que o time
tem uma maneira de jogar. Antes que me pergunte, a semana que vem o
Patrick vai voltar. O time conseguiu fazer campanha com essa base de
três volantes e mudou pelas minhas características. É valorizar nosso
grupo – disse D'Ale após a partida.
> Top-5 de jogos pelo Inter
- Valdomiro - 803
- Bibiano Pontes - 523
- Dorinho - 460
- Luiz Carlos Winck - 453
- D'Alessandro e Claudiomiro - 420
D'Alessandro fala sobre retorno ao time titular do Inter com gol
Mas D'Ale também matou a saudade do protagonismo. Quando o árbitro
assinalou o pênalti inexistente pelo toque de mão de Lucas Fernandes
fora da área, o gringo se isolou e logo pegou a bola para si, resoluto
de que não poderia ser outro companheiro a executar a cobrança. E o
gringo o fez com categoria para dar a vitória, após Damião marcar de
cabeça.
– Dá tranquilidade porque é um jogador experiente. Como é um lance
decisivo, outros poderiam 'bater, porque têm essa capacidade, essa
experiência. Muito feliz que tenha batido com tranquilidade e feito o
gol – elogia Odair Hellmann.
D'Ale recebe a braçadeira, mas a repassa a Dourado
Além do protagonismo ao longo de 90 minutos, D'Ale se notabilizou por
uma atitude ainda antes de a bola rolar. De volta à equipe, o argentino
receberia a braçadeira das mãos de Odair Hellmann para ser o capitão da
equipe na partida. Mas fez questão de repassá-la a Rodrigo Dourado, dono
do posto em sua ausência e responsável por conduzir a equipe ao topo da
tabela.
D'Alessandro abraça capitão Rodrigo Dourado após gol — Foto: Ricardo Duarte / Internacional / Divulgação
"Nosso capitão é o D’Alessandro. Sempre foi e sempre vai ser. Foi ele que falou comigo no dia anterior que eu estava merecendo. A braçadeira é só um objeto. Fico muito honrado de ele ter confiado em mim". (Rodrigo Dourado, volante)
– Olha a atitude do D’Alessandro hoje, de grandeza do nosso capitão. Eu
passaria a faixa para ele. E ele disse que o Rodrigo Dourado continua
como capitão. Não estou aqui jogando confete para falar de uniãozinha.
Estou sendo verdadeiro. Essa não é atitude isolada. Reflete a atitude de
outros jogadores – valoriza Odair.
Com a vitória neste domingo, o Inter sobe para a vice-liderança do
Brasileirão, com os mesmos 53 pontos do Palmeiras, atual líder. O
Colorado volta a campo na próxima sexta-feira, quando enfrenta o Sport,
às 19h, na Ilha do Retiro, pela 28ª rodada do Nacional.
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